Aposentadoria Gamer: PlayStation
Acho que eu estava bem louco quando acreditei que seria fácil escolher os dez melhores games de cada videogame já lançado. Não, eu realmente não fazia ideia do que viria pela frente. Talvez até fizesse, mas eu definitivamente subestimei minha memória gamer ao acreditar que a tarefa não seria tão difícil.
Eu diria que não houve grandes desafios até a semana passada – claro, escolher apenas dez games de Super Nintendo foi realmente uma prova de fogo. Agora, escolher apenas dez games do PlayStation nesta semana é que foi preciso exercitar o “mantra do desapego gamer”.
Seria o primeiro videogame da Sony o console perfeito de todos os tempos? Pode até ser – afinal estamos falando de uma das plataformas que mais vendeu na história. O importante é deixarmos claro que o PSX (e seu irmão menor PSOne) foi a plataforma que mais contou com a ajuda de desenvolvedores terceirizados – o que significou mais games sendo lançados.
Eu realmente quebrei a cabeça durante toda a semana revendo toda a biblioteca de jogos do console. Alguns títulos eram certos que estariam na lista, mas o que dizer da plataforma que redefiniu o gênero RPG, que deu vida ao Survival Horror, que criou o jogos de ação em 3D e que foi experiência para que os polígonos tridimensionais se aventurassem em todo e qualquer gênero possível?
Pois é, a tarefa não foi nada fácil, mas o resultado foi satisfatório. Prepare-se para embarcar numa viagem épica e relembrar o que fez o PlayStation se tornar o novo sinônimo de entretenimento eletrônico.
A história (rápida) do PlayStation
A história do PlayStation talvez seja uma das mais contadas na indústria de videogames tamanha reviravolta que causou no mercado. Ainda assim, vale ser relembrada desde seu início.
Muita gente não sabe, mas muito antes de criar seu próprio console, a Sony era parceira da Nintendo na produção de um chip de áudio para os cartuchos do SNES. Foi dessa parceria “saudável” que surgiu no início dos anos 1990 a oportunidade de ambas empresas unirem forças para dar um novo fôlego ao 16 Bits da Nintendo. Assim, exatamente em junho de 1991, durante a Consumer Electronic Show (CES, antes de se tornar E3), Nintendo e Sony anunciavam o chamado “Play Station”, acessório fabricado pela Sony que adicionaria suporte para jogos em mídia CD-ROM ao SNES da Nintendo. Tudo parecia milagroso e genial, até Hiroshi Yamauchi, presidente de Nintendo, não se interessar pelo modelo contratual da parceria entre as empresas que conferia controle e autonomia à Sony sob os títulos que seriam lançados em CD-ROM para o SNES. Yamauchi então desistiu da parceria no dia seguinte ao anúncio feito pelas empresas durante a CES.
Para Norio Ohga, presidente da Sony, não havia humilhação maior. Para Ken Kutaragi, engenheiro idealizador da plataforma “Play Station” significou um fracasso absoluto. Mas a Sony não desistiu e tentou durante o ano seguinte lançar uma plataforma independente que daria suporte aos jogos em cartucho do SNES (ou seja, seria o completo oposto ao projeto original), o que também não foi suficiente para a Nintendo.
Foi da certeza de que não haveria parceria entre as empresas que, entre 1992 e 1993, Ken Kutaragi trabalhou exaustivamente ao lado de outros engenheiros (estes da divisão Sony Music) no desenvolvimento de uma plataforma que utilizasse mídia em CD-ROM, mas que teria potencial qualidade de hardware para exibir gráficos poligonais. E assim nascia o “PlayStation”, plataforma que foi recebida com muito otimismo pelos desenvolvedores (como Electronic Arts, Squaresoft, Capcom e Namco) pela novidade tecnológica, mas principalmente pela sua facilidade de programação.
O PlayStation foi lançado exatamente em dezembro de 1994 no Japão, concorrendo diretamente com o Saturn da SEGA que havia sido lançado dias antes do mesmo ano. A grande vantagem do PlayStation foi unir um bom hardware com uma grande variedade de títulos em seu lançamento, mas principalmente, foi o preço de lançamento que o fez engolir seus concorrentes (enquanto que o SEGA Saturn era vendido a U$ 399 o PlayStation custava U$ 299).
Se não bastasse, o hardware do PlayStation era muito mais fácil de ser trabalhado e o custo de royalties cobrado pela Sony era infinitamente menor que o da SEGA ou Nintendo, o que aproximou ainda mais as desenvolvedoras.
Em poucos meses todos já sabiam o final dessa história: o PlayStation se tornou o primeiro videogame da história a vender mais de 100 milhões de unidades no mundo todo (o SEGA Saturn não vendeu nem 10 milhões, para você ter uma ideia), ganhou versões atualizadas (inclusive uma menor, o PSOne), fez sucesso com seu Memory Card (portátil e prático para transportar os saves de todos os seus jogos para onde fosse) e ainda lançou um dos controles mais icônicos da história dos videogames, o DualShock com seus direcionais analógicos e sensor de vibração.
Em pouco mais de dez anos de história, o PlayStation pavimentou o sucesso da Sony no mundo dos games, mudou completamente a forma como a Nintendo trabalharia nos anos seguintes e ainda fez fama durante as gerações que o sucederam. Ao todo foram lançados mais de 2400 jogos ao redor do mundo, dos quais pelo menos 300 são títulos que serão lembrados eternamente. Por isso mesmo que escolher apenas dez entre tantos jogos ótimos foi realmente desafiador.
TOP 3 – Mas poderia ser TOP 300
Final Fantasy VII
Divisor de águas e opiniões, Final Fantasy VII é um daqueles jogos que jamais será esquecido. Estamos falando do primeiro jogo da franquia a usar duas novas tecnologias: os polígonos tridimensionais e as animações pré-renderizadas. Talvez este tenha sido o grande chamariz do jogo e não apenas a sua história genial. Ok, não é bem assim. Eu adoro outros RPGs (outros Final Fantasy, inclusive), mas não há como negar que a narrativa construída em FFVII é digna de um romance cinematográfico, com direito a herói com crise existencial, mundo prestes a ser destruído e vilão dos mais ardilosos.
Divisor de águas e opiniões, Final Fantasy VII é um daqueles jogos que jamais será esquecido. Estamos falando do primeiro jogo da franquia a usar duas novas tecnologias: os polígonos tridimensionais e as animações pré-renderizadas. Talvez este tenha sido o grande chamariz do jogo e não apenas a sua história genial. Ok, não é bem assim. Eu adoro outros RPGs (outros Final Fantasy, inclusive), mas não há como negar que a narrativa construída em FFVII é digna de um romance cinematográfico, com direito a herói com crise existencial, mundo prestes a ser destruído e vilão dos mais ardilosos.
Isso tudo poderia ser um grande clichê não fosse a forma como tudo foi apresentado. Some isso a qualidade visual e sonora, ao incrível sistema de evolução dos personagens e as infinitas referências aos jogos anteriores da franquia e sim, Final Fantasy VII merece o posto de melhor RPG do PSOne.
Por que então ele seria “O MELHOR JOGO DA HISTÓRIA DO PLAYSTATION”? Simples. Ele foi a prova concreta de que a Nintendo havia falhado em abandonar o projeto “Play Station” da Sony e prol de investir em uma tecnologia que já estava datada no Nintendo 64. E essa não é uma constatação de alguém fanático por uma única plataforma. Veja bem, estou falando de uma das mais importantes franquias que definiu o sucesso de um console completamente desconhecido (principalmente do público ocidental).
Com certeza existem outros títulos com calibre para ser o melhor game do PlayStation – e aí vai do gosto pessoal de cada jogador. Mas que FFVII pode muito bem segurar tal responsabilidade isso não dá para negar.
Metal Gear Solid
Hideo Kojima realizou aquilo que sempre havia sonhado com Metal Gear Solid: criar um game com cara de filme hollywoodiano. MGS conseguiu reinventar a série na mesma proporção que deu vida ao gênero ação focada em furtividade no universo 3D. Graças a tecnologia da época, o game aproveitou de uma série de recursos visuais para fazer da experiência do jogador algo ainda mais gratificante.
Hideo Kojima realizou aquilo que sempre havia sonhado com Metal Gear Solid: criar um game com cara de filme hollywoodiano. MGS conseguiu reinventar a série na mesma proporção que deu vida ao gênero ação focada em furtividade no universo 3D. Graças a tecnologia da época, o game aproveitou de uma série de recursos visuais para fazer da experiência do jogador algo ainda mais gratificante.
Outros Metal Gears vieram depois, muitos com história tão genial quanto o primeiro da série lançado para o PSX. Mas só MGS foi capaz de fazer a transição perfeita dos sprites para os polígonos, dos diálogos em texto para os diálogos narrados – tudo é claro, com o toque genial do mestre Kojima e do traço peculiar de Yoji Shinkawa.
Resident Evil
Acredite, foi mais difícil decidir pelo terceiro game da lista do que o primeiro. Isso porque este foi o ponto que todos os demais games ficariam de fora a ponto de eu ser obrigado a descartar clássicos de todos os gêneros possíveis.
Acredite, foi mais difícil decidir pelo terceiro game da lista do que o primeiro. Isso porque este foi o ponto que todos os demais games ficariam de fora a ponto de eu ser obrigado a descartar clássicos de todos os gêneros possíveis.
Escolhi o primeiro Resident Evil não por ele ser melhor que outros jogos, mas pelo quanto ele representa de importância para a história da Capcom nas gerações pós SNES e Mega Drive, além do quanto ele ficou conhecido no console da Sony. O primeiro survival horror não foi Resident Evil, mas o game criado por Shinji Mikami foi o primeiro capaz de criar uma tensão pré qualquer acontecimento do jogo. Suas versões para outros consoles (como N64, Saturn, PC e até DS) hoje, são melhores de serem jogadas por razões óbvias (jogue o remake de Game Cube, caso ainda não o tenha feito e você saberá do que estou falando). Ainda assim, acho merecedor o posto dado ao primeiro jogo da série no PlayStation.
TOP 10 – Obrigado, Sony. Só temos a agradecer
Muitos leitores que acompanham minha coluna souberam me advertir sabiamente quanto o que viria de desafio ao escolher os dez games favoritos de PSX. Todos estavam certos, escolher apenas dez games entre tantos títulos bons foi realmente uma tarefa singular. Minha lista final de títulos excelentes se resumiu em exatos 228 jogos. Veja bem, eu fiquei na dúvida entre todos estes jogos quais seriam os dez mais importantes (aqueles os quais eu levaria para a tal ilha deserta). Eis que seguindo o conselho de muitos amigos e leitores, separei minha lista por gêneros.
O resultado foram vários TOP 10 para cada gênero de jogo. Em gêneros como esporte ou luta, nem foi tão complicado escolher dez games. O problema mesmo foram os RPGs e jogos de plataforma. A biblioteca de títulos do PlayStation é tão completa que eu poderia fazer, por exemplo, um TOP 50 só com games exclusivos do console. Mas eu consegui, amigo leitor. Escolhi apenas dez entre todos estes clássicos. E minha lista ficou assim:
O resultado foram vários TOP 10 para cada gênero de jogo. Em gêneros como esporte ou luta, nem foi tão complicado escolher dez games. O problema mesmo foram os RPGs e jogos de plataforma. A biblioteca de títulos do PlayStation é tão completa que eu poderia fazer, por exemplo, um TOP 50 só com games exclusivos do console. Mas eu consegui, amigo leitor. Escolhi apenas dez entre todos estes clássicos. E minha lista ficou assim:
1. Final Fantasy VII
2. Metal Gear Solid
3. Resident Evil
4. Tomb Raider
5. Castlevania: Symphony of the Night
6. PaRappa the Rapper
7. Crash Bandicoot
8. Gran Turismo 2
9. Vagrant Story
10. Tekken 3
2. Metal Gear Solid
3. Resident Evil
4. Tomb Raider
5. Castlevania: Symphony of the Night
6. PaRappa the Rapper
7. Crash Bandicoot
8. Gran Turismo 2
9. Vagrant Story
10. Tekken 3
Os jogos acima dispensam apresentações. Cada qual foi determinante para o sucesso do PlayStation de alguma forma ou de outra. Ainda assim me sinto culpado por deixar de lado tanto game bom. Por isso, ao menos um bônus para o PSOne eu acho justo. Meus 10 RPGs favoritos do console:
1. Final Fantasy VII
2. Vagrant Story
3. Final Fantasy VIII
4. Valkyrie Profile
5. Xenogears
6. Wild Arms
7. Parasite Eve II
8. Final Fantasy Tactics
9. Breath of Fire IV
10. Legend of Mana
2. Vagrant Story
3. Final Fantasy VIII
4. Valkyrie Profile
5. Xenogears
6. Wild Arms
7. Parasite Eve II
8. Final Fantasy Tactics
9. Breath of Fire IV
10. Legend of Mana
Ok, continuo insatisfeito e triste por não citar uma avalanche de outros clássicos. Jogos como Tony Hawk’s Pro Skater, Winning Eleven, Ridge Racer, Twisted Metal, Bust a Groove, Dino Crisis, Fear Effect, vários Mega Man, Oddworld, Heart of Darkness, Need for Speed, Silent Hill, Tenchu e Syphon Filter não estão aqui mas estão na minha prateleira – e estarão para sempre.
Onde jogar os jogos de PlayStation hoje?
Para a nossa sorte a Sony criou a PlayStation Network e a linha PSOne Classics – com lançamentos semanais de títulos imperdíveis do primeiro PlayStation que podem ser jogados tanto no PSP quanto no PS3 (e possivelmente no PSVita em breve). Este programa é tão genial que há até mesmo uma subdivisão dedicada para jogos que saíram apenas no oriente, mas que podem ser jogados nas novas plataformas ocidentais.
Além disso, muitos destes clássicos já ganharam remakes ainda melhores nas plataformas atuais, como Resident Evil, Final Fantasy Tactics e Tomb Raider.
….
Ufa, que história – que videogame. Que orgulho ter vivenciado tudo isso. O que você achou? Conte sua história com o PlayStation – e é claro, conte-nos quais são seus games favoritos. Tenho certeza que você lembrará de muito game que eu deixei de fora.
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