Nota:
- 10
- 9
- 9
- 10
Prós
- Gráficos excelentes
- Ambientação perfeita
- Muita exploração
- Jogabilidade intuitiva
- Modo co-op robusto
Contras
- Trama nonsense
- Alguns personagens irritantes
- Inimigos repetitivos
Conclusão
A Capcom criou um jogo com a qualidade e com o conteúdo que se espera de um título para console, mas o adequou para um portátil, usando praticamente todos os seus recursos. Graças a ele, o 3DS possui um novo padrão agora. Resident Evil não precisa viver de remakes e revisitas aos games iniciais. Revelations não “revela” quase nada sobre a saga, é verdade, mas mostra eventos inéditos de um período até então desconhecido, com uma história e vilões originais. Talvez Resident Evil 6, que sai em novembro, dê continuidade a alguns dos temas mostrados aqui.
Resident Evil: Revelations é a volta do survival horror
Nome: Resident Evil: Revelations
Gênero: Aventura
Distribuidora: Capcom (distribuído no Brasil pela NC Games)
Plataforma: 3DS
Gênero: Aventura
Distribuidora: Capcom (distribuído no Brasil pela NC Games)
Plataforma: 3DS
Resident Evil: Revelations |
É impossível escapar da ideia que a sérieResident Evil se perdeu um pouco pelo caminho. Não que os jogos tenham se tornado ruins, mas o foco original no survival horror, com uma atmosfera pesada, escassez de recursos e muitos sustos, praticamente acabou. Resident Evil 4, um dos melhores da franquia, mostra bem esta mudança de tom, indo da exploração lenta de um ambiente inóspito à ação desenfreada com grandes tiroteios. Afinal, quando os inimigos passam a vestir camuflagem militar e usar metralhadoras giratórias contra você, o horror já foi embora há muito tempo.
Resident Evil 5, por outro lado, pouco se preocupa com o horror e parte direto para a ação, com cenários amplos e muitos inimigos na tela, por todos os lados. O problema é que o jogo mantém a jogabilidade “travada” de survival horror, e acaba perdendo sua identidade.Resident Evil: Revelations, um dos primeiros jogos anunciados para o 3DS, e lançado em fevereiro, busca reencontrar a atmosfera claustrofóbica dos games originais, com corredores estreitos, pouca munição, ruídos estranhos e a sensação constante de insegurança.
Confira um gameplay do Resident Evil para o 3DS:
Resident Evil: Revelations, ao contrário dos dois games anteriores da série principal, gera uma tensão genuína. Você realmente não sabe o que pode acontecer dobrando o fim do corredor. E esta sensação é ótima. Mais do que isso, até: é nostálgica. Quem jogou o Resident Eviloriginal (ou mesmo o incrível remake expandido para o Gamecube), e já se acostumou à jogabilidade em terceira pessoa dos RE4 e 5, vai se sentir em casa em Revelations, pois reúne os melhores elementos da franquia em um único jogo.
Senta que lá vem história
Situado entre RE4 e 5, a história de Revelations acontece – em sua maior parte – no ano de 2005 e gira em torno dos conflitos militares e políticos que a BSAA (Bioterrorism Security Assessment Alliance, ou “Aliança pela Avaliação da Segurança contra o Bioterrorismo”, em tradução livre) deve enfrentar. Fundada por Chris Redfield e Jill Valentine, e aliada às Nações Unidas, a BSAA já está estabelecida como uma ONG ativa no combate a ameaças biológicas em todo o mundo.
Quando Chris desaparece no Mar Mediterrâneo, Jill é enviada com seu parceiro Parker Luciani (personagem inspirado em Barry Burton, também do game original) a um navio de cruzeiro a deriva, o Queen Zenobia, onde a maior parte do jogo acontece. Isso porque Revelations é, brilhantemente, dividido em episódios, como uma série de TV – com direito a recapitulação antes de cada um – e dá ao jogador o controle sobre vários personagens, em lugares e períodos diferentes em sessões curtas, ideais para quem joga fora de casa. O problema é que a trama do jogo é confusa e muitas vez não faz o menor sentido, até para os padrões de reviravoltas malucas da série.
Em 2004, terminou a construção de Terragrigia, uma cidade flutuante sustentável, que tirava toda a sua energia de painéis solares. Um grupo terrorista chamado Veltro atacou a cidade com um novo vírus e um exército de Hunters, os terríveis lagartos gigantes de games anteriores. A alternativa é usar a energia solar – canalizada através de um satélite – e destruir toda a cidade. No navio, Jill e Parker descobrem que a Veltro ainda está em atividade.
I’m on a boat
Dentro do navio, aparentemente abandonado há tempos, Jill e Parker devem explorar o que pode ser considerado o cenário mais inteligente já criado para a série. Nunca o level design foi usado para criar um cenário tão realista. Claramente inspirado em navios de verdade, o Queen Zenobia apresenta todos os ambientes que se espera encontrar em um luxuoso navio de cruzeiro. Muitos dos seus aposentos lembram a famosa mansão do jogo original, uma escolha proposital.
Dos quartos dos passageiros à praça de alimentação, da cozinha ao cassino, passando por um grande hall de elevadores, piscina e a ponte, está tudo lá para ver e interagir. É claro que muitas portas estarão trancadas e só abrirão com chaves específicas, como é de praxe. E o perigo é grande: um poderoso novo vírus, o T-Abyss, foi liberado no navio, que está tomado de monstros. Passageiros e tripulantes foram transformados em criaturas brancas que se mexem como zumbis, mas conseguem se esgueirar pelos tubos de ventilação e podem aparecer em qualquer lugar.
Infelizmente, não há muita variedade nos inimigos comuns, e você logo descobre a melhor maneira de abordá-los ou evitá-los. Os chefes, por outro lado, são um desafio à parte. Cada um tem uma história, e uma maneira diferente de atacar, sem falar que os lugares onde você os enfrenta exigem atenção e estratégia. Um deles persegue você durante vários corredores do navio, por exemplo.
Todos os episódios possuem seções no navio, e são alternadas com missões em outros lugares do mundo, como a base da Veltro em montanhas geladas, uma praia abandonada e até a cidade de Terragrigia, em 2004, antes da sua destruição. Esta mudança de ares contribui para a história do jogo e seu estilo cinematográfico, mas geralmente são focadas demais na ação ou mostram personagens irritantes em situações pouco empolgantes, fazendo você se perguntar por que não está explorando o navio.
Quem precisa de HD?
Resident Evil Revelations é, sem dúvida, o jogo mais visualmente atraente do 3DS lançado até agora, rivalizando com os da própria Nintendo. Texturas, iluminação, poeira, neblina, todos os equipamentos presos ao uniforme dos personagens e milhões de objetos (e restos de corpos) espalhados pelo jogo garantem um realismo único e estabelecem um padrão de qualidade que desde já esperamos dos próximos jogos para o portátil. O efeito 3D estereoscópico, presente em 100% do jogo, não é obrigatório, mas contribui para a imersão.
Isto sem falar na animação de movimentação dos personagens: Jill, por exemplo, tem um caminhar sexy e está mais bonita e detalhada do que nunca. Guardadas as devidas proporções, principalmente as da tela, é possível afirmar que o nível de detalhamento gráfico de Revelations rivaliza com o de Resident Evil 5. Muitas animações no início e no fim dos episódios, ou durante eventos importantes, são realizadas em vídeo. Infelizmente, durante o jogo em si os lábios dos personagens não se mexem durante as falas.
Também sobre o tema “alta qualidade”, destaque para o som, que está impecável. Passos, seu equipamento, chuva e o grunhido dos monstros nos corredores criam uma atmosfera única, com direito a ecos estranhos e, é claro, ruídos metálicos do próprio navio. A dublagem está muito boa, mas alguns diálogos parecem forçados. Outros, são de uma canastrice ímpar, típica do mais tosco dos filmes B.
A trilha sonora, por sua vez, é totalmente orquestrada, dá um show e estabelece o tom de perigo e tensão do jogo. Faça um favor para você mesmo: compre bons fones de ouvido, ligue o 3D e jogue no escuro sempre que puder. Você vai se sentir dentro do navio.
Mirando e atirando
Parte do conceito da jogabilidade de um survival horror está na maneira como você enfrenta os inimigos. Imagine que você está num navio abandonado no meio do mar, sem recursos, sem munição, sem contato com terra firme e cercado de monstros. Você vai realmente tentar correr e atirar? É claro que não. Isto não é Call of Duty e você vai errar todos os tiros. Pensando nisso, o jogo mantém os pesados controles de “tanque” para os personagens, e você deve parar para atirar.
Entretanto, Revelations (e o limitado Resident Evil: The Mercenaries 3D, também para o3DS) traz uma novidade fundamental para a série: agora é possível se movimentar enquanto atira, e mirar livremente enquanto faz isso. Ao apontar, o jogo permite usar o giroscópio do portátil para mover a mira sutilmente, ao mesmo tempo que o personagem caminha para todas as direções, em passos curtos, mas que fazem a diferença. Há até áreas submersas para explorar, mas a jogabilidade embaixo d’água é simples e prática.
Revelations também dá suporte ao Circle Pad Pro, acessório que encaixa um segundo disco analógico no 3DS, caso você não queira mover o portátil inteiro e desfocar o efeito 3D. O jogo possui um excelente layout de botões, e é muito confortável de jogar. Trocas de armas, equipamentos e até o uso das famosas ervas verdes são realizados em tempo real, com apenas um toque, em botões específicos ou na touchscreen, que organiza perfeitamente o seu inventário.
Falando em tiros, durante a maior parte do jogo, independentemente de quem você está controlando, há um parceiro ao seu lado. Normalmente isto seria uma coisa boa, mas, no caso de Resident Evil, a sensação de insegurança é um pouco quebrada. Seu parceiro não gasta sua munição, nem qualquer outro equipamento seu e não morre, mas também não mata: você ainda deve dar o tiro fatal em todos os inimigos. A boa notícia é que ele chama a atenção de alguns deles quando há vários na mesma sala, e lhe dá tempo para se organizar e matá-los.
Bullet hell
Armas são um ponto central em todos os jogos da franquia, e neste jogo isto não é diferente. Mesmo na dificuldade Normal (as demais são a Casual, mais fácil, e a Hell, bem mais difícil), munição é escassa e vai exigir uma boa economia, porque pode faltar. Você só pode carregar três armas de uma vez, mas elas são customizáveis, e podem ser melhoradas em diversas categorias, como capacidade, poder e velocidade de fogo, além de alguns recursos impossíveis, como aumento na probabilidade de acertos críticos e tiros carregados (é sério: você segura o botão de tiro e ele sai mais forte).
No caminho, é possível encontrar bolsos extras para munição. A administração de itens é inteligente, mas está longe do fantástico inventário expansível de Resident Evil 4, por exemplo. O modo história de Revelations não possui moeda corrente, então não dá pra comprar e vender armas e melhorias. Você deve encontrar, ou descartar.
Finalmente, Revelations traz um novo equipamento, o Genesis, que permite escanear os cenários em busca de itens escondidos. Segundo o jogo, ele é programado para encontrar materiais usados na produção de armas e munição, e “ervas medicinais”. Além disso, ao escanear inimigos (antes ou depois de matá-los), você reúne dados genéticos para a criação de um antídoto, e o Genesis sintetiza uma dose da erva verde para você.
Dois jogos em um
Além do modo campanha, Revelations traz o Raid Mode, que pode ser descrito facilmente como um RPG de ação. Nele, o jogo divide seções de cenários do jogo em fases independentes, que os jogadores devem atravessar sozinhos ou cooperativamente com um amigo, local ou online. São 21 fases, em três níveis de dificuldade. É possível abrir novos personagens e novas roupas para eles também.
Ao passar de uma fase, você recebe uma nota e acumula pontos, que servem para comprar novas armas, munição, granadas, ervas e itens de customização, entre outros. Mais do que isso, você ganha experiência e aumenta de nível, que dá acesso a armas mais poderosas. Dentro das fases, os inimigos tem classes e até barras de energia. Alguns até possuem um ícone ao lado da barra, indicando que têm ataque, defesa, ou velocidade superiores.
Este modo, sozinho, é mais robusto e complexo que Resident Evil: The Mercenaries 3D inteiro! Fechando o pacote, o jogo traz as Missões, objetivos similares a Troféus e Achievements, com tarefas específicas para a campanha e o Raid Mode. Elas geralmente envolvem matar ou escanear inimigos, terminar o jogo em condições especiais ou passar de fases em uma determinada dificuldade. Diferentemente de Troféus e Achievements, as Missões possuem recompensas, na forma de pontos para a loja do Raid Mode, armas especiais, personagens e roupas adicionais.
Conclusão
Resident Evil: Revelations é um dos mais completos jogos da série. A Capcom entendeu o conceito de “jogo portátil” e criou uma experiência épica em doses pequenas. O jogo não reinventa a franquia, mas homenageia os primeiros games e introduz mecânicas novas. Belíssimo, o jogo cria uma atmosfera angustiante e estimula você a revisitar diferentes áreas do navio ao ponto de memorizá-lo. Com uma campanha de cerca de 12 horas, a trama deixa a desejar, mas em momento algum você sente que está fazendo algo inútil. Você precisa escapar do navio, mas precisa saber o que está acontecendo antes.
A Capcom criou um jogo com a qualidade e com o conteúdo que se espera de um título para console, mas o adequou para um portátil, usando praticamente todos os seus recursos. Graças a ele, o 3DS possui um novo padrão agora. Resident Evil não precisa viver de remakes e revisitas aos games iniciais. Revelations não “revela” quase nada sobre a saga, é verdade, mas mostra eventos inéditos de um período até então desconhecido, com uma história e vilões originais. Talvez Resident Evil 6, que sai em novembro, dê continuidade a alguns dos temas mostrados aqui.
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